O texto abaixo foi retirado do livro "O que a doença quer dizer", de Kurt Tepperwein, Editora Ground. Vale a pena ler...
OBESIDADE
A inter-relação entre corpo e alma manifesta-se
de forma nítida nos hábitos alimentares. Já para o lactente, a alimentação não
é só a satisfação de uma necessidade básica, mas também, além disso, a
oportunidade de obter cuidados e amor. Esta relação mantém-se durante toda a
vida de uma maneira mais ou menos forte. Se mais tarde nos falta segurança e
temos a sensação de não ser suficientemente amados, um instinto original
empurra-nos para comer mais, para assim voltarmos a recuperar a segurança
anterior.
Naturalmente, a necessidade de amor
não pode ser satisfeita desta maneira. Podemos comer muito sem ficarmos
satisfeitos. O vazio interior continua a existir. Também o aborrecimento e uma
vida insatisfatória desencadeiam um mecanismo semelhante. Na realidade, temos
necessidade de afeto, de reconhecimento, de segurança. Por alguma razão se diz
em linguagem popular: “O amor passa pelo estômago”. Se quando crianças nos
portávamos particularmente bem ou vivíamos algum fato desagradável, a nossa mãe
recompensava-nos com alguma guloseima, e assim, mais tarde, recompensamo-nos se
a vida não o fizer. Isso origina a “gordura de aflição”, que constitui uma nova
frustração e o aumento de preocupações que se procura esquecer através de mais
comida.
Também o desejo de carinho e companhia
se manifesta fisicamente como “fome”, ao satisfazê-la, engordamos e, portanto,
aumentamos a nossa superfície de contato, a pele. Teoricamente, desse modo também
aumenta a possibilidade de relação, de “contato” com outras pessoas. Além disso,
a obesidade resultante garantiria que é quase impossível ignorar uma figura tão
rotunda.
Portanto, por trás dos desejos
exagerados de comer há uma debilidade do eu que deve ser compensada por afeto a
partir do exterior, o que, como é óbvio, não traz qualquer solução. Mas essa
debilidade do eu causa de novo falta de êxito ou receios que são compensados tornando
a ingerir alimentos. Os medos e frustrações são suportados preenchendo o vazio
interior com comida. Mas o que se procura na realidade é contato, segurança,
carinho, êxito, reconhecimento e amor.
Assim, o obeso arrasta dificuldades
que lhe tornam a vida pesada, e lhe dão, sobretudo, uma imagem errada de si
mesmo. Na sua intimidade sabe que, no fundo do seu ser, não é assim. Rejeita a
sua maneira de ser. Por isso, a energia vital não pode fluir livremente e os
problemas sem resolução acompanham-no como um peso estranho e externo, tornando
a sua vida duplamente pesada. Portanto, tem de aprender a suprimir a sua
fachada, a eliminar bloqueios, a deixar de interpretar papéis e a retirar o
muro da sua defesa. Isso porque a sua vida só é pesada porque ele mesmo o
determina com seu comportamento amuralhado.
Se levo a vida com exagerada
seriedade, significa também que a vida é dura comigo. Coloco constantemente
obstáculos a mim mesmo, ao meu verdadeiro eu. A minha vida é monótona,
aborrecida, porque eu a impeço de fluir livremente e de enriquecer plenamente
cada momento.
O obeso não só se rejeita a si próprio
como na maioria dos casos também rejeita tudo o que o rodeia. O que o incomoda
à sua volta incomoda-o, na realidade, em si mesmo. Deveria deixar de querer ser
como os outros querem, sendo cabalmente ele mesmo. Se na realidade é ele mesmo,
não tem necessidade de ser o centro de atenções, e nem tudo gira em torno do eu
limitado “eu”, porque ele vive no centro do seu ser, descansando em si mesmo,
no seu próprio centro, é o motivo da sua vida e pode encarar os outros com todo
respeito, tal como são.
O
que é preciso fazer?
É preciso abandonar todos os esquemas,
deixar de viver de acordo com uma imagem ideal, aceitando-se tal como é e com
alegria, sem pressões, permitindo-se deixar fluir a vida com liberdade. A solução,
pois, é a autenticidade, nada de imagens ideais. Reconheça a sua singularidade.
Nunca existiu uma pessoa como você e nunca haverá outra. Você é realmente
singular e insubstituível.
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