segunda-feira, 22 de outubro de 2012

A LINGUAGEM DOS SINTOMAS: OBESIDADE



O texto abaixo foi retirado do livro "O que a doença quer dizer", de Kurt Tepperwein, Editora Ground. Vale a pena ler... 


OBESIDADE

A inter-relação entre corpo e alma manifesta-se de forma nítida nos hábitos alimentares. Já para o lactente, a alimentação não é só a satisfação de uma necessidade básica, mas também, além disso, a oportunidade de obter cuidados e amor. Esta relação mantém-se durante toda a vida de uma maneira mais ou menos forte. Se mais tarde nos falta segurança e temos a sensação de não ser suficientemente amados, um instinto original empurra-nos para comer mais, para assim voltarmos a recuperar a segurança anterior.

Naturalmente, a necessidade de amor não pode ser satisfeita desta maneira. Podemos comer muito sem ficarmos satisfeitos. O vazio interior continua a existir. Também o aborrecimento e uma vida insatisfatória desencadeiam um mecanismo semelhante. Na realidade, temos necessidade de afeto, de reconhecimento, de segurança. Por alguma razão se diz em linguagem popular: “O amor passa pelo estômago”. Se quando crianças nos portávamos particularmente bem ou vivíamos algum fato desagradável, a nossa mãe recompensava-nos com alguma guloseima, e assim, mais tarde, recompensamo-nos se a vida não o fizer. Isso origina a “gordura de aflição”, que constitui uma nova frustração e o aumento de preocupações que se procura esquecer através de mais comida.

Também o desejo de carinho e companhia se manifesta fisicamente como “fome”, ao satisfazê-la, engordamos e, portanto, aumentamos a nossa superfície de contato, a pele. Teoricamente, desse modo também aumenta a possibilidade de relação, de “contato” com outras pessoas. Além disso, a obesidade resultante garantiria que é quase impossível ignorar uma figura tão rotunda.

Portanto, por trás dos desejos exagerados de comer há uma debilidade do eu que deve ser compensada por afeto a partir do exterior, o que, como é óbvio, não traz qualquer solução. Mas essa debilidade do eu causa de novo falta de êxito ou receios que são compensados tornando a ingerir alimentos. Os medos e frustrações são suportados preenchendo o vazio interior com comida. Mas o que se procura na realidade é contato, segurança, carinho, êxito, reconhecimento e amor.

Assim, o obeso arrasta dificuldades que lhe tornam a vida pesada, e lhe dão, sobretudo, uma imagem errada de si mesmo. Na sua intimidade sabe que, no fundo do seu ser, não é assim. Rejeita a sua maneira de ser. Por isso, a energia vital não pode fluir livremente e os problemas sem resolução acompanham-no como um peso estranho e externo, tornando a sua vida duplamente pesada. Portanto, tem de aprender a suprimir a sua fachada, a eliminar bloqueios, a deixar de interpretar papéis e a retirar o muro da sua defesa. Isso porque a sua vida só é pesada porque ele mesmo o determina com seu comportamento amuralhado.

Se levo a vida com exagerada seriedade, significa também que a vida é dura comigo. Coloco constantemente obstáculos a mim mesmo, ao meu verdadeiro eu. A minha vida é monótona, aborrecida, porque eu a impeço de fluir livremente e de enriquecer plenamente cada momento.

O obeso não só se rejeita a si próprio como na maioria dos casos também rejeita tudo o que o rodeia. O que o incomoda à sua volta incomoda-o, na realidade, em si mesmo. Deveria deixar de querer ser como os outros querem, sendo cabalmente ele mesmo. Se na realidade é ele mesmo, não tem necessidade de ser o centro de atenções, e nem tudo gira em torno do eu limitado “eu”, porque ele vive no centro do seu ser, descansando em si mesmo, no seu próprio centro, é o motivo da sua vida e pode encarar os outros com todo respeito, tal como são.

O que é preciso fazer?
É preciso abandonar todos os esquemas, deixar de viver de acordo com uma imagem ideal, aceitando-se tal como é e com alegria, sem pressões, permitindo-se deixar fluir a vida com liberdade. A solução, pois, é a autenticidade, nada de imagens ideais. Reconheça a sua singularidade. Nunca existiu uma pessoa como você e nunca haverá outra. Você é realmente singular e insubstituível. 

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